A drag queen Rita Von Hunty, persona de Guilherme Terreri, se apresentará no próximo dia 7 de maio, à s 20h, no 5L – Festival Internacional Literatura e LÃngua Portuguesa sobre como a esperança, no sentido de Paulo Freire, torna-se possibilidade de resistência de organização e de entendimento da história.
Rita Von Hunty vai desenvolver o tema Afeto-efeito entrelaçando reflexões de grandes pensadores da educação, da sociedade da cultura. Ela chegará a Lisboa, com Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, Claudiney Ferreira, gerente do Núcleo de Audiovisual e Literatura da Instituição e Selma Caetano, organizadora do Oceanos – Prêmio de Literatura em LÃngua Portuguesa.
Com o auxÃlio de Baruch Spinoza (1632-1677) e Gilles Deleuze (1925-1995), Rita discute o par afeto-efeito e quais são as possibilidades de organizar, resistir e lutar contra os poderes estabelecidos e os tomadores de almas. Os trabalhos de Raymond Williams (1921-1988) e Paulo Freire (1921-1997) também são evocados para entender como os afetos tristes são instrumentalizados na/pela polÃtica e como a educação pode fazer furo nesta estrutura perversa. Ao fim, Ursula K. Leguin (1929-2018) e Toni Morisson (1931-2019) conduzem à ação e à intervenção artÃstica sob a esperança radical e da imaginação polÃtica como formas disruptivas de curar nossa civilização.

Já o 5L – Festival Internacional Literatura e LÃngua Portuguesa é uma iniciativa da Câmara Municipal da capital portuguesa, que celebra simultaneamente a lÃngua, a literatura, os livros, as livrarias e a leitura. O festival desenvolve vários temas, mas obedece sempre a um só lema: aparecer, efetivamente, como um festival com todas as letras.
Nesta edição, de 4 a 8 de maio, debatem-se, representam-se e festejam-se tanto nomes esquecidos como nomes malditos da literatura portuguesa, presta-se atenção tanto às letras grandes como às letras miúdas e percorre-se o alfabeto de A-a-Z para mostrar as publicações mais recentes, sejam elas nacionais ou estrangeiras.
Há lugar para a celebração do centenário de nascimento de José Saramago, mas, também, para a descoberta de jovens escritores, dá-se relevo ao retrato dos leitores anônimos, à educação (e à atuação) do público infanto-juvenil à celebração literária da lÃngua coloquial, à manutenção de hábitos de tertúlia, de relação próxima entre o leitor e seu livreiro, de escrita nos gêneros mais consagrados ou nos mais banais, ou então no modo mais hÃbrido: o das linhas de areia deixadas por um escriba robô nos chãos de Lisboa.
Aos serões, em uma grande sala, a mais nobre do Teatro São Luiz, decorrem os concertos, espetáculo que combinam letra e música em um impulso de aproximação à literatura percorrido tanto a capella como em samba, em hip-hop, ao som da viola campaniça ou em um tom de morabeza e sodade.
Já em palcos menores, onde o público se pode aproximar dos atores e oradores, acontecem as leituras encenadas de que se compõe a faceta performática deste festival.