O livro “Bixas Pretas“, dedicado a dar vozes a pessoas LGBTQIA+ e negras, foi lançado pela Editora Devires. Com quinze artigos desenvolvidos por pessoas ativistas e pesquisadoras brasileiras, a obra procura retratar a diversidade e suas intersecções com a sociedade e as desigualdades oriundas de tudo isso.
“Falar e ser ouvida é uma reivindicação constante das minorias socialmente oprimidas para se fazerem entendidas e conquistarem seus espaços de direito. Ao identificar atravessamentos e pautas semelhantes, surgem oportunidades para que essas pessoas se manifestem”, diz a editora Devires em comunicado.
Sob organização de David Souza, Daniel dos Santos e VinÃcius Zacarias, a obra reúne estudos, reflexões vivências e pensamentos de diversas pessoas autoras, como Megg Rayara Oliveira, primeira travesti negra doutora do Brasil; e Ariane Sena, primeira psicóloga trans da Bahia. “Bixas Pretas” também aborda temas como infância, solidão da mulher trans, indefinições de gênero, educação, psicologia, presença social de corpos ignorados e, inclusive, a presença no meio acadêmico.
“‘Bixas Pretas’ apresenta ao leitor a possibilidade de compreender, por meio da observação acadêmica, e também pela exposição de vivências, a relação da sociedade com corpos dissidentes. Ao reunir essa diversidade de vozes a obra representa mais um passo rumo à quebra do heteropatriarcado ocidental que teima em oprimir as culturas negras brasileiras”, diz o comunicado.
SERVIÇO
- Bixas Pretas (2022).
- Organizadores: David Souza, Daniel dos Santos e VinÃcius Zacarias.
- Editora Devires; 226 páginas; R$ 46,55.
- Clique para comprar: https://www.queerlivros.com.br/produto/bixas-pretas-dissidencia-memoria-e-afetividades.html
SINOPSE DE “BIXAS PRETAS”
Ser negre e LGBTQIAP+ nos transformam em anomalias e aberrações para os nosses própries semelhantes, pois já existem instaurados o pânico e o medo dos processos de desumanização causados pelo estigma racial. Gênero é uma tecnologia para a inteligibilidade social, visto que só seres humanos são capazes de performatizar identidades sexuais e de gênero. Porém, para as pessoas negras, a categoria gênero funciona enquanto uma tecnologia necropolÃtica, reproduzindo cotidianamente uma cultura de terror, violência e extermÃnio das populações negras, que tem aumentado de maneira vertiginosa os Ãndices de genocÃdio de homens negros, o feminicÃdio e as LGBTQIAP+fobias na atualidade.
Situades de compreensão e consciência, apresentamos nossa contribuição para projeção deste movimento epistemológico de emancipação nas falas de sujeites subalternizades ao longo da história ocidental. Este livro convida à leitura de diversos artigos produzidos por pessoas pesquisadoras e ativistas de todo Brasil, sobre e nas encruzilhadas das identidades imbricadas congenitamente às estruturas sociais das desigualdades produzidas no processo de colonização, organizados a partir de um significante comum: bixa preta.