O programa Provoca, com Marcelo Tas, exibirá a cartunista Laerte no próximo dia 26 de abril a partir das 22h na TV Cultura. Na conversa, a chargista fala sobre o processo de reconhecimento de identidade, receio perante a sociedade, sÃndrome do impostor, feminismo radical e outros temas.
Ao comentar sobre o feminismo radical e a relação com mulheres trans, Laerte afirma: “Mulher tem um lugar histórico, social que é muito claro, muito nÃtido. E a população trans, transgênero, tem um lugar que é distinto desse. Mas pessoas trans que se identificam como mulher não têm problema nenhum em haver essa amálgama, essa combinação de interesses, de objetivos e de luta”. E acrescenta: “Eu já fui hostilizada por pessoas trans também, que ficavam perguntando: ‘Cadê o peito? Quando você vai colocar peito?'”.
Ela também comenta que viveu em uma época em que modelos de comportamento homossexual eram incomuns, e ela vivia “entre a atração e o terror”, não gostando muito de lembrar desses momentos em que sofreu por conta das frustrações, e que também fez os outros sofrerem. “Quando a gente nega uma coisa, a gente acaba abrindo determinadas válvulas de compensação que são ruins, te levam a momentos de raiva, destempero. E muitas vezes você não sabe o porquê direito (…).”
“Eu fiquei me enrolando por trinta e tantos anos. Eu sabia que eu gostava de homem. (…) Porque eu fiquei assustada com a possibilidade de ser gay, de ser v14d0, de ser b1x4, de ser invertido, sabe? Isso tudo era uma coisa muito assustadora pra mim, muito peso”, afirma a cartunista.
Sobre sÃndrome do impostor, a chargista conta: “Eu não digo (sÃndrome da) impostora, mas muitas vezes sinto que as pessoas estão me entendendo de uma maneira muito mais generosa do que deviam”. E, em tom de leveza, diz que está trabalhando a autocrÃtica na análise.