“Não somos homens que deram errado”, diz Carmo Dalla Vecchia sobre ser gay

LEIA TAMBÉM

- Publicidade -
- Publicidade -

O ator Carmo Dalla Vecchia (52) concedeu uma entrevista ao iG Queer falando abertamente sobre o fato de ser gay e a representatividade quanto à comunidade LGBTQIA+, além de suas dificuldades quanto a aceitação e o fato de sempre ter interpretado personagens héteros em novelas da Rede Globo.

“Naquele momento [quando expôs publicamente ser homossexual durante o Domingão do Faustão], eu tinha uma necessidade muito grande de ser eu mesmo e de afirmar isso para mim. Não me acho mais importante por ser um ator ou por que muitos sabem quem sou. Pensava que poderia ajudar a vida de outros gays com o meu exemplo e pensava em eliminar o  meu próprio preconceito declarando publicamente o meu afeto à minha família”, lembra.

Após revelar que é gay, Carmo Dalla Vecchia disse que recebeu inúmeras mensagens de fãs e seguidores que o agradeceram por se sentirem representados. “Recebi ordas de afeto e carinho de muita gente e fiquei feliz com isso. Me senti abraçado por uma multidão. Me tornei publicamente o que eu já era. Parece simples por que, por um lado, é você que continua a mesma pessoa, mas por outro é você que pela primeira vez está experimentando poder falar sobre o que você gosta e pode estar certo que isso não é pouco.”, disse o ator.

Ao longo de sua carreira, o ator se questionou se deveria expor sua vida particular em público, já que ele não sabia se “o certo” seria ser mais discreto quanto a sua intimidade, ou se expor. No entanto, depois do carinho do público ao se revelar gay, Vecchia disse que o certo foi se revelar.

“Costumava ser um homem mais discreto, mas hoje eu acho fundamental existirem pessoas com alguma representatividade mostrando que não somos homens que deram errado”, pontua. “Eu não tive a sorte de ter visto muitos outros exemplos antes de mim falando abertamente sobre isso. Houveram alguns poucos corajosos, mas acho que estamos mudando isso. A comunidade veio até mim em massa e me agradeceu. Me senti pertencendo a algum lugar pela primeira vez na vida e sendo respeitado pela minha coragem”, continua.

“Ganhei muitos [seguidores] e se não ganho mais é por que algumas vezes preciso dar um tempo e parar de postar para ensaiar peças, dar banho no Pedro [o filho adotado com o marido João Emmanuel Carneiro], brincar com ele , gravar novelas e ter uma vida em que boa parte dela não se torna instagramável (palavra mais cafona que foi inventada nos últimos tempos)”, diz o ator.

"Não somos homens que deram errado", diz Carmo Dalla Vecchia sobre ser gay
Reprodução

Ainda na entrevista, Vecchia disse que até pouco tempo atrás era comum ouvir boatos sobre atores gays, mas que estes não deveriam falar abertamente sobre o assunto para não “macular” a imagem de viril de seus personagens. Por essa razão, o próprio ator foi desaconselhado por vários profissionais a não revelar sua orientação sexual, já que se o fizesse, “nenhum diretor ou autor iria querer escalar para algum trabalho”. 

“Nunca escondi o fato de ser gay no meu trabalho, ao mesmo tempo que publicamente me resguardava. Já fiz vários homens maus e nunca ninguém deixou de me escalar porque o público me rejeitou achando que eu era mau na vida real. Será que se eu falasse que era gay, realmente as pessoas não iriam acreditar em mim quando eu fizesse um personagem heterossexual e iriam me rejeitar?”, questiona.

No entanto, depois da revelação, ele disse que se sente mais respeitado. “Nunca me senti rejeitado, ao contrário: me sinto hoje mais respeitado até como ator, pelo fato de na minha vida privada ter tomado um posicionamento mais assertivo sobre quem eu sou. Acho que melhorei como ser humano e isso hoje é formador do meu caráter, do meu ofício e de todas as minhas relações”, declara.

Carmo Dalla Vecchia também diz que, por nascer na década de 1970, a aceitação da sexualidade era mais desafiadora. “Hoje, me sentiria orgulhoso de ser comparado com um cara tão corajoso e importante para todos nós. Mas, na época, eu mesmo me sentia uma aberração e acho que para qualquer gay em 1970 ou 1980, não davam muito direito a falar em qualquer publicação. Éramos todos aberrações para um país preconceituoso.”

Quanto a hoje em dia, Vecchia tem um recado para aqueles que são LGBTQIA+: “A maior dificuldade é a própria aceitação. Nascemos com pessoas dizendo que somos pecadores, errados, aberrações e é triste demais ver que muitos acreditaram e que pagam um preço alto por isso até hoje. Se aceitem, se amem, se agrupem entre vocês e se defendam uns aos outros. Se eu puder ajudar, contem comigo.”

Victor Miller
Victor Millerhttps://gay.blog.br/author/victormiller/
Jornalista formado pela PUC do Rio de Janeiro, dedicou sua vida a falar sobre cultura nerd/geek. Gay desde que se entende por gente, sempre teve desejo de trabalhar com o público LGBT+ e crê que a informação é a a melhor arma contra qualquer tipo de "fobia"

Deixe uma resposta

- Publicidade -
- Publicidade -

Latest News

Sérgio Mallandro diz que já viu Mateus Solano nu: “Parecia um tripé”

O humorista Sérgio Mallandro resolveu expor a intimidade do ator Mateus Solano durante a participação do mesmo no podcast...

More Articles Like This

- Publicidade -