Na Rússia, estreou um reality show chamado “I´m Not Gay” (“Eu Não Sou Gay”) apresentado pelo deputado homofóbico Vitaly Milonov, chamado pelos russos como “maior inimigo dos gays”. No programa, oito homens ficam confinados em uma casa, sendo que apenas um deles é gay e os outros sete não sabem, e eles passam por diversos “testes” para provarem sua heterossexualidade, como assistir homens desfilando com sunga.
Cada participante é eliminado a medida que é percebido como “mais homossexual”, e na grande final do programa os participantes heterossexuais que descobrirem quem é o verdadeiro gay ganharão um prêmio de dois milhões de rublos russos, o equivalente a R$ 150 mil. O dinheiro ficará com o homossexual caso ele não seja descoberto.
Segundo o professor de história da Rússia moderna, Dan Healey, em entrevista ao canal Insider, a homofobia no paÃs é, muitas vezes, usada como propaganda polÃtica, e o reality show endossa essa cultura.
“É parte de uma estratégia maior para distrair o povo de assuntos mais sérios. Mas também confirma algo sobre a Rússia – que é diferente da Europa e do ocidente, e eles tem seus próprios valores e crenças”, disse Healey.
O programa de TV também chega em um momento que a hostilidade contra os LGBTQIA+ aparentemente anda crescendo. De acordo com Healey, a expectativa é de que o governo de Vladimir Putin torne a Rússia cada vez mais LGBTfóbica e que as futuras gerações de LGBTs irão crescer em um ambiente muito mais hostil.
“A Rússia parece que é viciada na masculinidade tóxica. Pode ser muito danoso para os homens que não estão em conformidade com essa normatividade… a não conformidade com um padrão de masculinidade muito rÃgido pode ser bem perigoso dentro da Rússia”, disse Healey.
A própria abertura do programa tem Milonov dizendo: “Meu nome é Vitaly Milonov e, certamente, não sou gay”. Os dois primeiros episódios foram disponibilizados no YouTube, mas a plataforma acabou banindo-os por “violar as polÃticas” e considerar como bullying e assédio.
No mês passado, a corte de São Petersburgo dissolveu uma das principais organizações que lutavam pelos direitos LGBTs, conhecida como “Russian LGBT Network”. Segundo o governo russo, a organização era ilegal e promovia a “visão LGBT” e também usava “atividades polÃticas estrangeiras”.
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