Vencer concursos de fantasia nunca foi novidade para Clóvis Bornay que era, e continuará sendo, sinônimo de Carnaval Carioca e sÃmbolo da alegria da Cidade Maravilhosa. Ano após ano, sua imagem colorida e triunfal alegrava os espectadores do Sambódromo.
![Clovis Bornay, Ãcone do carnaval carioca](https://mixbrasil.com.br/wp-content/uploads/2022/03/Clovis-Bornay-100-3.jpg)
Caçula de doze irmãos, Clóvis nasceu em 10 de janeiro de 1916 em Nova Friburgo (municÃpio da região serrana do Rio de janeiro), filho de mãe espanhola e pai suÃço. Em 1928, ainda menino e frequentador dos bailes do Fluminense Futebol Clube, manifestou uma grande vocação de folião.
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Em 1937, inspirado nos bailes de máscaras dos carnavais de Veneza convenceu o então diretor do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Silvio Piergilli, a instituir um Baile de Gala em que fantasias de luxo seriam premiadas. Diante dos deslumbrados membros do júri do concurso, Clovis se apresentou de “PrÃncipe Hindu†e ganhou o primeiro lugar.
Juventude, beleza e disposição não eram suficientes. Bom gosto e criatividade igualmente contavam pontos. Mais tarde, as fantasias foram agrupadas por categoria: luxo e originalidade. Em 1953, com um original Arlequim, dividiu o prêmio com Zacharias do Rego Monteiro, que vestia um de seus belÃssimos e tradicionais pierrôs.
O maior concorrente de Bornay no Municipal era, entretanto, o costureiro baiano Evandro de Castro Lima. Artistas como Jésus Henriques, Mauro Rosas, Wilza Carla, Marlene Paiva., Guilherme Guimarães, Flavio Rocha, Marcos Varella e tantos outros criaram, confeccionaram ou vestiram fantasias que eram verdadeiras joias.
O baile do Teatro Municipal resistiu até 1972. A plateia era coberta por estrutura de madeira revestida de compensados e o piso ficava na altura dos camarotes. Ali brincavam cerca de oito mil foliões. No dia seguinte à festa noturna, acontecia o baile infantil, quando também era realizado um concurso de fantasias.
![FOTO:BARRETO/AE - Crédito:Pendente/AGÊNCIA ESTADO/AE/Codigo imagem:5027](https://mixbrasil.com.br/wp-content/uploads/2022/03/carnaval-antigo0006-768x511-1.jpg)
Os primeiros carnavais
A introdução do carnaval ao Brasil é atribuÃda à s celebrações populares para comemorar a chegada da FamÃlia Real Portuguesa.
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Os já festeiros cariocas saÃram à s ruas cantando músicas, usando máscaras e fantasias. O registro do primeiro baile carnavalesco no Brasil é de 1840, no Hotel Itália, por iniciativa dos proprietários, que desejavam reproduzir aqui os grandes bailes de máscaras do carnaval da Europa.
O sucesso foi tão grande que muitos outros se seguiram. O carnaval era o espelho da desigualdade social na sociedade brasileira. Nos clubes e teatros estava a classe média emergente, nas ruas, ao ar livre a festa popular.
Um novo elemento foi agregado para abrilhantar a festa: o desfile dos carros alegóricos, depois incorporados pelas escolas de samba. O escritor José de Alencar foi o idealizador dos desfiles e um dos fundadores da Sociedade Sumidades Carnavalescas.
O â€Abre Alas†foi a primeira música especialmente composta para carnaval, por Chiquinha Gonzaga, para o Cordão Rosa de Ouro.
O século 20 traz também os mascarados, o lança-perfume, as batalhas de confete e os bailes infantis.
Em 1928, foi fundada a primeira escola de Samba “Deixa falar†e, logo depois, a Mangueira. Os primeiros desfiles começam em 29 e foram realizados na Praça Onze até 1942, quando passaram para a Avenida Presidente Vargas.
Carnaval do Quarto Centenário
A partir de 1963, as escolas assumem a posição de maior atração do carnaval carioca e, em 1965 – Carnaval do 4º Centenário – Clóvis Bornay surge triunfal fantasiado de Estácio de Sá, o fundador da cidade.
Os bailes de fantasia do Iate Clube (“Baile do HavaÃâ€), do Hotel Copacabana Palace e os concursos de fantasia do Clube Federal, no Leblon e do Clube Monte LÃbano, na Lagoa ainda resistiram por algum tempo.
Depois de ter recebido a distinção de “hors concoursâ€, que lhe concedeu o direito de se apresentar em qualquer concurso de fantasias sem ser julgado, a arte de Clóvis Bornay chegou à Passarela do Samba. Ele foi o carnavalesco da Portela em 1969 e 1970 e da Mocidade Independente em 1972 e 1973.
A partir daà as fantasias de luxo foram para o asfalto, passaram a ser destaques, apresentadas por artistas e figuras populares da cidade.
Em 1974, o desfile das escolas de samba passa para a Avenida Rio Branco, por causa das obras do metrô. Fica lá até 1984, quando foi inaugurado o sambódromo, onde as escolas desfilam até hoje.
Museólogo – trabalhou no Museu Histórico Nacional e em outras entidades culturais – morador da Prado Junior, em Copacabana, esta doce figura era uma atração diária da paisagem carioca.
Suas fantasias, verdadeiras obras de arte, são expostas constantemente pelo Brasil e algumas já pertencem ao acervo de museus na Europa e nos Estados Unidos.
Em 1996, Clóvis Bornay recebeu da Assembleia Legislativa a Medalha Tiradentes, honraria concedida a personalidades que, de alguma forma, tenham prestado serviços ao Estado do Rio de Janeiro.
Ele nos deixou no dia 9 de outubro de 2005, aos 89 anos, vitimado por uma parada cardiorrespiratória.
Bornay como Pedro Alvares Cabral em evento realizado no Palácio do Catete.
Curiosidade: trecho de transmissão do carnaval carioca